A saber, a história de Roland Garros guarda capítulos inesquecíveis, e entre eles, está a trajetória de um brasileiro que conquistou o coração dos fãs de tênis em todo o mundo. Gustavo Kuerten, o eterno Guga, fez história no saibro vermelho de Paris e colocou o Brasil entre as maiores potências do tênis mundial. Desse modo, ao longo de suas 11 participações no Grand Slam francês, ele construiu uma das carreiras mais marcantes da era moderna do esporte.
O início da trajetória de Guga
Tudo começou em 1996, quando o jovem de apenas 19 anos, então número 131 do mundo, estreou em Roland Garros. Guga, a princípio, enfrentou o sul-africano Wayne Ferreira, número 11 do ranking, e acabou derrotado em sets diretos. Apesar da eliminação precoce, aquela primeira experiência serviu como aprendizado para o início de uma das histórias mais belas do tênis brasileiro.
Logo após, no ano seguinte, em 1997, veio a consagração. Aos 20 anos, ocupando a 66ª posição no ranking, Guga surpreendeu o mundo ao vencer nomes como Thomas Muster e Yevgeny Kafelnikov, ambos no top 10, em batalhas épicas de cinco sets. Na final, superou o espanhol Sergi Bruguera por 3 sets a 0, conquistando seu primeiro título de Roland Garros e se tornando o novo ídolo do esporte nacional.
A consagração e o domínio no saibro
Em 1998, na tentativa de defender o título, Guga acabou eliminado por Marat Safin, então número 116 do mundo, ainda na segunda rodada. Mas em 1999, o brasileiro voltou a mostrar força ao alcançar as quartas de final, sendo superado por Andrei Medvedev.
O ano 2000 marcou o retorno ao topo. Depois de duas temporadas de altos e baixos, Kuerten, já número 5 do mundo, conquistou o bicampeonato de Roland Garros. Na campanha vitoriosa, venceu adversários como Michael Chang, Kafelnikov e Juan Carlos Ferrero, em partidas de tirar o fôlego. Na grande final, derrotou Magnus Norman, número 3 do mundo, por 3 sets a 1, em uma das decisões mais emocionantes da história do torneio.
Em 2001, o brasileiro chegou ao auge. Como número 1 do mundo, Guga defendeu seu título com atuações memoráveis. Nas oitavas de final, virou um jogo heroico contra Michael Russell, salvando match points e, emocionado, desenhou o famoso coração no saibro da quadra Philippe-Chatrier — um gesto que eternizou sua conexão com o torneio. Nas fases seguintes, superou Ferrero e Corretja, conquistando o tricampeonato e se consolidando como o maior jogador brasileiro da história.
Os últimos anos e a despedida em Paris
A partir de 2002, as lesões começaram a afetar o desempenho de Guga. Mesmo assim, ele manteve sua presença marcante em Roland Garros. Em 2004, protagonizou um dos momentos mais lembrados de sua carreira ao derrotar Roger Federer, então número 1 do mundo, na terceira rodada. A vitória foi um símbolo de resistência e genialidade. Guga chegou às quartas de final, sendo superado por David Nalbandian.
Em suas últimas participações, entre 2005 e 2008, já sofrendo com problemas físicos e após cirurgias no quadril, o brasileiro lutou para encerrar sua trajetória de maneira digna. Em 2008, voltou a Roland Garros como convidado especial e se despediu oficialmente do torneio, em uma emocionante partida contra o francês Paul Henri Mathieu. Aos 31 anos, Guga encerrou ali um ciclo que marcou gerações.
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